COMUNIDADES

Jongo de Pinheiral

HISTÓRIA

O Jongo de Pinheiral teve sua origem nas terras da Fazenda São José do Pinheiro, pertencente à família Breves, próspera fazenda de café do período colonial onde existiu um dos maiores núcleos de negros escravizados do Brasil.

Esse núcleo perpetuou a dança do Jongo passando-a de geração em geração, preservada por moradores da cidade de Pinheiral até os dias de hoje. Pinheiral foi e sempre será terra de jongueiros. Os que já se foram e os que estão agora, têm o maior orgulho de serem detentores desse patrimônio cultural.

Desde os anos 80, esta manifestação se tornou mais forte em Pinheiral com o trabalho da mestra jongueira Fatinha, de suas irmãs Meméia e Gracinha e colaboradores que através da associação local União Jongueira de Pinheiral passaram a promover apresentações do grupo de jongo em diversos eventos de Pinheiral e de cidades vizinhas.

Essas irmãs adoráveis possuem uma energia extraordinária liderando um forte movimento de jongo na cidade e realizando festas que duram vários dias sem nunca se cansar. Donas de uma alegria maravilhosa cantam, dançam e tocam o jongo e são um exemplo de amor a cultura afro e ao jongo assim como de amor a comunidade de Pinheiral.

São presença marcante em qualquer roda de jongo ou de samba pois nunca se cansam de cantar e de dançar além de possuírem o dom de líderes comunitárias e de grandes articuladoras.

Dentre os antigos jongueiros de Pinheiral destaca Bendito de Oliveira, conhecido como Mestre Cabiúna, que com certeza foi e continua sendo uma das vozes mais fortes e expressivas do jongo no Brasil. Seu magnetismo ao cantar e capacidade de improvisar pontos de jongo eram impressionantes. Também Dona Alcides e Seu Geraldino, Hilda, João enfermeiro, Dona Oscarina, Seu Donguinha, Seu Quintino, Pedro Rodrigues, Tia Rosa, Seu Herculano Guilherme e filhos, Chico Diogo e Dona Neném, os pais da Fatinha – Seu Norival e Dona Constância, Tia Dinda, Tia Dora, e Tio Enéas.

O grupo é muito unido e apaixonado pelo jongo. Em qualquer intervalo ou quando esperam o transporte o grupo aproveita para dançar e tocar o jongo assim como para criar novos pontos de jongo.

O Jongo de Pinheiral se destaca por sua originalidade, tradição e por seus belíssimos pontos, que são acompanhados pelo tambor grande, candongueiro e o macuco, pedaço de pau utilizado para bater na madeira do tambor enquanto o outro tocador toca o ritmo do jongo batendo no couro.

Pinheiral sediou em novembro de 2002, 0 VII Encontro de Jongueiros, com a presença de várias comunidades jongueiras, autoridades municipais e estaduais, professores universitários, estudantes, jornalistas, a comunidade local e das adjacências e, desde 2022, vem recebendo o Encontro de Jongos do Vale do Café na área do Parque das Ruínas.

Uma grande conquista foi a seleção do Jongo de Pinheiral, gerido pelo Centro de Referência Afro do Sul Fluminense – CREASF, pelo Programa PAC Seleções 2024 do Governo Federal para a implementação do futuro Circuito Afro do Vale do Café no local do Parque das Ruínas, local de memória da escravidão.

Um parque temático sobre a história do negro no Vale do Café que prevê a construção de um museu, centro de visitação, biblioteca afro e restaurante étnico local, geridos pelas próprias lideranças negras locais. O Parque temático de Pinheiral foi uma das 7 propostas selecionadas entre as 80 apresentadas no estado, e irá fazer justiça à participação dos negros do Vale do Café na construção do Brasil.

CALENDÁRIO DE FESTAS

13 de maio – Celebração da Abolição da Escravatura – O evento é realizado na Praça Getúlio Vargas e se inicia com uma palestra sobre a Abolição da Escravatura e a condição de vida atual dos negros, em seguida começam as rodas de jongo, de capoeira e de samba.

26 de julho –  Dia de Nossa Senhora de Sant’Anna – a comunidade se reúne, reza um terço, faz partilha de alimentos e em seguida é realizada a roda do jongo.

Domingos de 2 em 2 meses – O CREASF realiza durante todo o ano eventos na Praça Getúlio Vargas com barracas de produtos típicos da cultura afro como: canjiquinha, cocada, pé-de-moleque, quentão, canjica, etc. com o objetivo de divulgar o jongo e suas manifestações.

20 de novembro – Dia da Consciência Negra – O evento acontece na Praça Getúlio Vargas e tem a programação idêntica ao do dia 13 de maio.

BENS CULTURAIS LOCAIS

Centro de Referência Afro do Sul Fluminense – CREASF – Fundado no ano de 1998 e coordenado por Mestra Fatinha, desenvolve projetos em torno da cultura afro local e suas manifestações, especialmente da dança do Jongo com a missão de fortalecer e ampliar cada vez mais os trabalhos com a cultura afro existentes em Pinheiral. Em sua trajetória, além de preservar a dança do Jongo, o CREASF vem realizando apresentações e festas de jongo, fóruns, palestras em escolas, encontros culturais e reuniões comunitárias. O centro possui uma pequena biblioteca com livros e fitas de vídeo, fotos e registros de todas as atividades e apresentações do grupo.

Parque das Ruínas – Em julho de 2015, as antigas ruínas da sede da fazenda São José dos Pinheiros, propriedade de 1851 que antigamente pertencia aos descendentes de escravos da família do Comendador José de Souza Breves, foram transformadas em local de memória e celebração da cultura negra através da criação do Parque das Ruínas. A fazenda foi uma das mais suntuosas e prósperas fazendas de café nos tempos do Brasil Colônia, onde foram escravizados mais de 3.000 negros trazidos a força de Angola/África, e, por isso, representa um marco no Ciclo do Café no Vale do Rio Paraíba. Atualmente gerido pelo CREASF, o local está aberto à visitação gratuita, possibilitando aos visitantes um passeio pela história da escravidão no país.

Jongo de Pinheiral

informações

Jongo de Pinheiral

Rua Bulhões de Carvalho, 05, Centro, Pinheiral/RJ

Como chegar:
Pinheiral está a 128,4 km do centro da cidade do Rio de Janeiro. O acesso é feito pela rodovia RJ-SP (BR-116 – Nova Dutra).

Contato:
Mestra Fatinha – (24) 9221-7212

BIOGRAFIA

MESTRA FATINHA

Maria de Fátima da Silveira Santos, a Mestra Fatinha do Jongo, nasceu em 13 de julho de 1956, em Pinheiral/RJ, e há mais de 40 anos vem atuando na preservação da história, tradição e memória da dança do jongo de Pinheiral.

Fotografia Alan Lima (The Guardian)

[ALTERAR} Professora há mais de 40 anos vem atuando na preservação da história, tradição e memória da dança do jongo de Pinheiral. Uma das fundadoras do Centro de Referências e Estudos Afro do Sul Fluminense (CREASF), é atualmente a presidenta da Associação de Comunidades de Jongo e Caxambu do estado do Rio de Janeiro.

Museu do Jongo de Pinheiral

Rua Bulhões de Carvalho, 05, Centro, Pinheiral/RJ

OUTRAS COMUNIDADES